Paulo Bretas: Vendas do comércio varejista em Minas caem 1,7% em dezembro

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O coordenador da ABED Minas, Paulo Bretas, é entrevistado pelo Diário do Comércio de Minas Gerais

Mesmo com o resultado negativo no segundo semestre, o setor fechou 2021 com crescimento de 3,1%

Após registrar um avanço de apenas 1,1% em novembro, mesmo com a Black Friday, as vendas do varejo caíram 1,7% em dezembro frente ao mês anterior. De acordo com a pesquisa do IBGE, em relação a igual período de 2020, a queda do comércio no Estado em dezembro foi de 0,5%. Apesar do desempenho negativo no segundo semestre, o setor fechou 2021 com alta de 3,1% sobre o ano anterior.

Apenas  eis das 11 atividades apresentaram crescimento na comparação de dezembro com o mesmo mês de 2020, com destaque para o grupo de Artigos farmacêuticos e médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (15,7%). As maiores quedas foram nas categorias Eletrodomésticos (- 9,3%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-29,2%). O economista Paulo Bretas alerta que tudo conspira contra o consumo, a começar pelo desemprego, que continua elevado.

As vendas do comércio varejista mineiro em dezembro foram 1,7% menores que no mês anterior. Novembro já havia sido de decepção, com um crescimento de apenas 1,1%, índice modesto para um mês de Black Friday. Somados aos dos meses anteriores, tais resultados consolidam uma tendência de queda das vendas no segundo semestre de 2021, detectada pela Pesquisa Mensal do Comércio divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“No primeiro semestre, houve uma recuperação clara e as vendas foram crescentes quando comparadas mês a mês. No segundo, os números foram decaindo e todos os meses foram negativos, apenas o de novembro foi positivo”, diz o analista de Informações do IBGE Daniel Dutra. Apesar dessas quedas no segundo semestre, o índice se manteve positivo em 3,1% no acumulado do ano de 2021.

Dezenove das 27 Unidades da Federação apresentaram resultados negativos, com destaque, por magnitude de taxa, para Mato Grosso (-4,7%), Acre (-4,5%) e Rondônia (-4,3%). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a variação das vendas do comércio varejista em Minas Gerais foi de -0,5%, seguindo a queda nacional, que foi de 2,9%. O IBGE ressalta que 21 das 27 Unidades da Federação apresentaram resultados negativos, com destaque para: Bahia (-12,9%), Pernambuco (-11,4%) e Sergipe (-11,1%) No acumulado no ano, janeiro a dezembro 2021, o índice nacional foi de 1,4%, sendo que 13 das 27 unidades federativas apresentaram indicadores positivos, com destaque para Piauí (9,8%), Amapá (8,5%) e Rondônia (7,1%).

No comércio varejista de Minas Gerais, apenas 6 das 11 atividades investigadas apresentaram avanço na comparação com o mesmo mês do ano anterior – neste caso as vendas só são medidas no acumulado. O destaque mais uma vez é para Artigos farmacêuticos e médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (15,7%). As atividades que mais recuaram foram as categorias Eletrodomésticos (-29,3%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-29,2%).

Já no comércio varejista ampliado, o setor de Veículos, motocicletas, partes e peças apresentou avanço de 7,1% e o setor de Material de construção, um recuo de 3,8%. A redução na venda de bens duráveis sinaliza os efeitos da inflação e o consequente aumento de preços, além da queda na renda do consumidor brasileiro.

Segundo a Pnad Contínua divulgada no início de dezembro, a renda média do trabalhador no último trimestre de 2021 recuou para R$ 2.459, 4% a menos em relação ao trimestre anterior. Foi a menor renda do trabalhador desde o 4º trimestre de 2012, quando ela ficou em R$ 2.438. “Até o ano passado, todos os recuos eram atribuídos à Covid. Agora é claro que a inflação e os juros estão impactando a escolha de consumo. As pessoas compram menos e, quando compram, escolhem produtos mais baratos”, analisa Daniel Dutra.

Para o economista Paulo Bretas, coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed- -MG), tudo conspira contra o consumo, a começar pelo desemprego, que, apesar de ter diminuído, segue elevado. “Temos o agravante da redução de renda, já que trabalhadores informais ganham menos. Em segundo lugar, vem a inflação crescente e, em terceiro, as famílias já estão bastante endividadas para fazerem mais dívidas com aquisições”, assinala o economista. “Por último, o auxílio emergencial foi bastante reduzido e muitas famílias deixaram de receber o Renda Brasil. Ou seja, sem dinheiro não há como comprar nem nas liquidações”, completa Bretas.

https://diariodocomercio.com.br/economia/vendas-do-comercio-varejista-em-minas-caem-17-em-dezembro/

Paulo Roberto Paixão Bretas

Mineiro, nascido em Belo Horizonte, é escritor, economista e professor. Tem graduação em Ciências Econômicas pela UFMG e MBA em Gestão pela Fundação Getúlio Vargas – Rio de Janeiro. É professor associado da Fundação Dom Cabral.

Foi Professor de História Econômica, Economia Brasileira, Economia Brasileira e Desenvolvimento Sócio Econômico no Centro Universitário UNA, por oito anos, tendo lecionado em vários cursos de pós-graduação de universidades públicas e privadas.

Tem pós-graduação em Projetos de Desenvolvimento Econômico na Universidade de Ottawa – Canadá e Planejamento Estratégico Situacional na Universidade Javeriana de Bogotá – Colômbia. Foi vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Diretor Administrativo-Financeiro da Casa da Moeda do Brasil e Diretor da Empresa Gestora de Ativos (EMGEA) ligada ao atual Ministério da Economia. Foi, ainda, Secretário Municipal de Planejamento de Belo Horizonte e de Assuntos Extraordinários.

Atualmente é Assessor Parlamentar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e escreve para sites e blogs. Foi presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais entre 2017 e 2019.

É membro da Coordenação Executiva Nacional da Associação Brasileira de Economistas pela democracia – ABED. Autor dos seguintes títulos: Ecologia e Cultura com vários autores (1983), O Doce Livro dos Beijos Poéticos (2017), Entre Sobras e Luzes (2019), Antologia – Confraria Muro dos Poetas & Poesias (2019), Meditações: Uma brisa soprou e mudou minha vida (2021). Tem vários poemas e ensaios publicados na Revista ArtPlus – Revue littéraire et Culturel entre 2018-2021.

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