Cinco perguntas para o pesquisador Aloísio Sérgio Barroso
Cinco perguntas para o pesquisador Aloísio Sérgio Barroso
1. As crendices sobre o mercado eficientes
No prefácio do seu livro, Uma Economia Política da grande crise capitalista (2007-2017).
Ascensão e ocaso do ...Neoliberalismo, o professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo afirma:
“O autor deste precioso livro demonstra cabalmente que a crise financeira se esgueirou silenciosa nos subterrâneos da economia globalizada, enquanto os acólitos midiáticos e acadêmicos evangelizavam o público com as crendices sobre os mercados eficientes e ‘competitivos’ povoados por agentes racionais e otimizadores.”
Queria te perguntar se as “crendices” impediram que os economistas enxergassem a tormenta se aproximando e pedir para você nos apresentar o livro.
2. Espectros da Crise Global
No primeiro capítulo, Espectros da Crise Global, vc defende que a crise bancária-financeira que teve como epicentro os EUA e depois de espraiou para o resto do planeta, não deve ser interpretada como uma fase recessiva, transitória, na história do capitalismo, mas um longo período que se abre à depressão.
Quais as principais diferenças entre as duas situações e elementos que apontam para uma fase mais aguda da crise capitalista?
3. Globalização financeira
No segundo capítulo, você cita 15 autores que:
“Na evolução dos anos 1990, como nos mostram sistematicamente (...) por exemplos:
a) conectam-se forte e globalmente os processos de desregulamentação/liberalização como traços marcantes da “globalização financeira”;
b) os novos instrumentos do capital financeiro sobrepujam crescentemente o antigo sistema de intermediação bancária;
c) anuncia-se explicitamente uma nova era de instabilidade (e crises financeiras) na economia capitalista.”
Você poderia nos explicar esse trecho e mostrar a ligação desses traços com as crises?
4. A grande crise e tendências do capitalismo contemporâneo
No momento que o trabalho no qual deu resultado a esse livro estava sendo escrito, o mundo não tinha sido ainda sacolejado pela crise sanitária e de saúde provocada pela pandemia do SARS-CoV-2.
No terceiro capítulo, você analisa as tendências do capitalismo contemporâneo levando em conta a grande crise financeira-bancária. Na subseção Desemprego Estrutural e Crescente, você cita um estudo de Jerome GLENN (diretor-executivo e cofundador do projeto Millennium) no qual ele aponta um cenário muito perigoso, diante de tantas mudanças no padrão técnico-científico vigente.
Diz ele: “A expectativa é que a biologia sintética estimule o crescimento econômico, mas também seja fonte para os desastres biológicos e insumo para o terrorismo”.
Assim, pergunto: É possível estabelecer uma relação entre a grande crise tratada no terceiro capítulo do seu livro e a pandemia causada pelo SARS-CoV-2? Pode-se construir algumas correlações?
5. Retrocessos civilizatórios inigualáveis
Nas suas considerações finais do capítulo 4, está o seguinte trecho:
“Por óbvio, entre 2007 e 2017 revelaram-se nefastas as consequências econômicas, políticas e sociais do cataclismo, com retrocessos civilizatórios inigualáveis.”
Você poderia comentar esse trecho e as conclusões do seu estudo?[+] Show More
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Cinco perguntas para o pesquisador Aloísio Sérgio Barroso
Cinco perguntas para o pesquisador Aloísio Sérgio Barroso 1. As ...
Cinco perguntas para o pesquisador Aloísio Sérgio Barroso
1. As crendices sobre o mercado eficientes
No prefácio do seu livro, Uma Economia Política da grande crise capitalista (2007-2017).
Ascensão e ocaso do ...Neoliberalismo, o professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo afirma:
“O autor deste precioso livro demonstra cabalmente que a crise financeira se esgueirou silenciosa nos subterrâneos da economia globalizada, enquanto os acólitos midiáticos e acadêmicos evangelizavam o público com as crendices sobre os mercados eficientes e ‘competitivos’ povoados por agentes racionais e otimizadores.”
Queria te perguntar se as “crendices” impediram que os economistas enxergassem a tormenta se aproximando e pedir para você nos apresentar o livro.
2. Espectros da Crise Global
No primeiro capítulo, Espectros da Crise Global, vc defende que a crise bancária-financeira que teve como epicentro os EUA e depois de espraiou para o resto do planeta, não deve ser interpretada como uma fase recessiva, transitória, na história do capitalismo, mas um longo período que se abre à depressão.
Quais as principais diferenças entre as duas situações e elementos que apontam para uma fase mais aguda da crise capitalista?
3. Globalização financeira
No segundo capítulo, você cita 15 autores que:
“Na evolução dos anos 1990, como nos mostram sistematicamente (...) por exemplos:
a) conectam-se forte e globalmente os processos de desregulamentação/liberalização como traços marcantes da “globalização financeira”;
b) os novos instrumentos do capital financeiro sobrepujam crescentemente o antigo sistema de intermediação bancária;
c) anuncia-se explicitamente uma nova era de instabilidade (e crises financeiras) na economia capitalista.”
Você poderia nos explicar esse trecho e mostrar a ligação desses traços com as crises?
4. A grande crise e tendências do capitalismo contemporâneo
No momento que o trabalho no qual deu resultado a esse livro estava sendo escrito, o mundo não tinha sido ainda sacolejado pela crise sanitária e de saúde provocada pela pandemia do SARS-CoV-2.
No terceiro capítulo, você analisa as tendências do capitalismo contemporâneo levando em conta a grande crise financeira-bancária. Na subseção Desemprego Estrutural e Crescente, você cita um estudo de Jerome GLENN (diretor-executivo e cofundador do projeto Millennium) no qual ele aponta um cenário muito perigoso, diante de tantas mudanças no padrão técnico-científico vigente.
Diz ele: “A expectativa é que a biologia sintética estimule o crescimento econômico, mas também seja fonte para os desastres biológicos e insumo para o terrorismo”.
Assim, pergunto: É possível estabelecer uma relação entre a grande crise tratada no terceiro capítulo do seu livro e a pandemia causada pelo SARS-CoV-2? Pode-se construir algumas correlações?
5. Retrocessos civilizatórios inigualáveis
Nas suas considerações finais do capítulo 4, está o seguinte trecho:
“Por óbvio, entre 2007 e 2017 revelaram-se nefastas as consequências econômicas, políticas e sociais do cataclismo, com retrocessos civilizatórios inigualáveis.”
Você poderia comentar esse trecho e as conclusões do seu estudo?[+] Show More
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Cinco perguntas para o economista José Luís Oreiro
Cinco perguntas para o economista José Luís Oreiro 1 O liberalismo e o ...
Cinco perguntas para o economista José Luís Oreiro
1 O liberalismo e o intervencionismo
Em 2003, em um artigo com Luiz Fernando de Paula, para o jornal Valor Econômico, com o título ...“Pós-keynesianos e o Intervencionismo Estatal: uma resposta a Mendonça de Barros”, vocês afirmam que:
“Trata-se, portanto, de buscar um meio termo entre o liberalismo econômico e o intervencionismo soviético, partindo da premissa que o mercado não resolve tudo, mas que o capitalismo, se sabiamente administrado, pode se tornar mais eficiente para atingir objetivos econômicos do que qualquer sistema alternativo.”
Como já se foram 17 anos desse artigo queria saber o seu olhar de hoje sobre essa questão.
2 O regime de metas de inflação
Queria saber sua opinião sobre o regime de metas de inflação no modo de funcionamento adotado no Brasil.
3 Nenhuma política é neutra
Criticando a austeridade fiscal dos governos de FHC e do início do governo, Lula, Fernando Cardim de Carvalho, no artigo “Entre a política econômica e a questão social”, escreveu:
“Nenhuma política é neutra. Qualquer iniciativa de governo redistribui a renda (e, possivelmente, a riqueza) da sociedade em algum grau. Objetivos abstratos podem ser apresentados de forma neutra, mas políticas neutras simplesmente não existem. Ao objetivo de austeridade fiscal, por exemplo, em que o governo gasta apenas aquilo que arrecada com impostos, podem corresponder políticas que aumentam impostos sobre as pessoas mais ricas ou as mais pobres, ou que cortam a oferta de bens públicos a um ou a outro desses dois grupos.”
Queria saber sua opinião sobre esse trecho do professor Cardim e sobre a austeridade fiscal no governo Lula e hoje.
4 O papel de Fernando Cardim de Carvalho
No livro “Moeda e sistema financeiro: ensaios em homenagem a Fernando Cardim de Carvalho”, organizado por você, por Luiz Fernando de Paula e Rogério Sobreira, vocês dizem que:
“A análise do processo de tomada de decisão em condições de incerteza e suas repercussões sobre o funcionamento das economias monetárias modernas é o aspecto central do programa de pesquisas pós-keynesiano.
Fernando Cardim de Carvalho teve um papel fundamental tanto na definição do ‘núcleo duro’ desse programa de pesquisa como no desenvolvimento das teorias que compõem o seu ‘cinturão protetor’, com grande influência acadêmica no Brasil e no mundo.”
Queria que você comentasse sobre o papel do professor Fernando Cardim de Carvalho no universo brasileiro de pensamento econômico e pol��ticas econômicas, e que você nos falasse sobre a incerteza.
5 Um conceito econômico
Se você tivesse o poder de transmitir um conceito econômico para todos os brasileiros, qual seria ele?
Breve currículo
José Luís da Costa Oreiro possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado em Economia da Industria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Atualmente é Professor Associado II do Departamento de Economia da Universidade de Brasília. Pesquisador Nível IB do CNPq, Pesquisador Associado do Centro de Estudos do Novo-Desenvolvimentismo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Membro Senior da Post-Keynesian Economics Society e líder do grupo de pesquisa: Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento.
Organizou o livro “Agenda Brasil: políticas econômicas para o crescimento com estabilidade de preços”, em parceria com João Sicsú e Luiz Fernando de Paula, pela Editora Manole, em 2003.
É autor, entre outros, do livro “Macrodinâmica Pós-Keynesiana: crescimento e distribuição de renda”, pela Alta Books, em 2018.
É co-organizador, com Luiz Fernando de Paula e Rogério Sobreira, o livro “Moeda e sistema financeiro: ensaios em homenagem a Fernando Cardim de Carvalho”, pela Editora da Universidade Federal de Santa Maria, em 2019.[+] Show More
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Cinco perguntas para a economista Larissa Chermont
Cinco perguntas para a economista Larissa Chermont 1) Fogo e Manejo da ...
Cinco perguntas para a economista Larissa Chermont
1) Fogo e Manejo da Terra na Amazônia
Você conta, no artigo “Fogo e Manejo da Terra na Amazônia – por um novo arcabouço teórico-metodológico”, ...que aplicou 349 entrevistas, com 142 questões, em propriedades rurais no Pará e no Mato Grosso, ao longo do Corredor da Br-163, com o objetivo de caracterizar a unidade produtiva camponesa. Você pode nos contar sobre a pesquisa e sobre que você descobriu que mais chamou sua atenção?
2) A inadequação do arcabouço teórico neoclássico
Você afirma que o arcabouço teórico neoclássico “tornou-se frágil e incapaz de sustentar uma generalização sólida às famílias camponesas da região”. E que o Modelo de Eficiência Reprodutiva de Francisco de Assis Costa e a Teoria do Campo de Pierre Bourdieu conferem consistência teórica e adequação empírica para se entender o campesinato da região amazônica. Você pode nos explicar essas bases teóricas e falar sobre a importância de se estabelecer uma tipologia do camponês amazônico?
3) Paradiplomacia
No artigo sobre desenvolvimento sustent��vel na região Pan Amazônica, você aponta que:
“O caso do papel do Estado do Pará no novo cenário econômico e o debate internacional sobre as mudanças climáticas é considerado um indicador-chave da importância dos governos subnacionais assumirem seu papel protagonista na arena para desenvolvimento regional considerando especificidades locais e arranjos produtivos.”
Queria que você falasse o que é paradiplomacia e contasse dessa sua experiência, de 4 anos, em Relações Internacionais de entes subnacionais, no governo do Pará.
4) Gestão de Resíduos Sólidos
Você teve outra experiência, também muito importante, na gestão municipal de resíduos sólidos quando Edmilson Rodrigues estava em seu primeiro mandato como prefeito de Belém. Você pode nos relatar essa experiência? Poderia também falar sobre a carência atual de instrumentos para a gestão adequada desses resíduos?"
5) Cidadania Amazônica
No artigo Cidadania Amazônica você diz:
“A cidadania amazônica consiste no resgate dos valores e conhecimento da realidade da região, nos mais diversos ambientes onde vivem as populações, sejam estas urbanas ou rurais. Um modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia edificará suas bases no resgate dos valores de cidadania, genuinamente amazônicos, sejam estes culturais, sociais, econômicos ou ambientais.”
Você poderia no contar um pouco mais sobre esse resgate dos valores da cidadania amazônica que você propõe? Você poderia também falar da relação da economia com o tema da Amazônia?
Breve currículo
Larissa Steiner Chermont tem graduação em Economia pela Universidade Federal do Pará, mestrado em Latin American Development - University of Glasgow, Reino Unido e doutorado em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos.
Atualmente é professora associada na Faculdade de Economia (FACECON), Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Larissa tem experiência na área de Economia, com ênfase em Desenvolvimento e Meio Ambiente, atuando principalmente nos seguintes temas: Economia Agrária, Desenvolvimento e Políticas Públicas para a Amazônia, Economia Ecológica, Economia Criativa, Capital Social e Paradiplomacia.[+] Show More
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Cinco perguntas para a economista Liana Carleial
Cinco perguntas para a economista Liana Carleial 1 Desmonte do Estado ...
Cinco perguntas para a economista Liana Carleial
1 Desmonte do Estado e das políticas públicas
Você colaborou com dois artigos para o recém-lançado livro: “Desmonte do Estado e das Políticas Públicas: Retrocesso ...do desenvolvimento e aumento das desigualdades no Brasil”, organizado por Júnior Macambira, Fernando Pires, Maria Cristina Cacciamali, Amilton Moretto e Franco de Matos.
Na apresentação, Clemente Ganz Lúcio afirma: “vivemos no Brasil, na América Latina e no mundo, um período muito esquisito, inimaginável e, em muitas circunstâncias, inconcebível, no qual, como afirmava Fernando Braudel, o passado tem pressa em sobreviver, ou, digo eu, renascer. Para os trabalhadores e para as trabalhadoras no tempo presente se abre o portão do inferno de Dante para o resgate de práticas, condições, processos, ataques, violações que julgávamos vencidas e superadas. Forças regressivas buscam ressuscitar múltiplas formas de iniquidades e injustiças que considerávamos superadas a partir de duras lutas sociais que, inclusive, levaram muitos à morte.”
Liana, você poderia comentar esse momento presente retratado pelo Clemente e nos contar mais sobre este livro: “Desmonte do Estado e das Políticas Públicas”?
2 Os direitos sociais
No artigo “Quando os desiguais se assemelham: Brasil e Estados Unidos sob a Covid-19”, que você escreveu para o livro, em parceria com Fernando Pires, vocês contam do surgimento da proteção social pelo Estado.
Vocês dizem: “A proteção social instituída pelo Estado surge juridicamente como um direito nas sociedades ocidentais como estratégia para fazer frente à ameaça de rompimento da coesão social na Alemanha de Bismarck, no final do século XIX, em razão da profunda exclusão social que punha em risco os poderes constituídos e os segmentos economicamente dominantes.”
Você poderia nos contar sobre essa evolução dos direitos sociais e em que situação estávamos quando a pandemia nos pegou?
3 A semelhança sinistra Brasil e EUA
A parte 2.1 do artigo tem o título “Estados Unidos e Brasil – semelhança sinistra, campeões de contaminação e óbitos”. Nele vocês mostram um quadro em que EUA e Brasil se colocam em primeiro e segundo lugares em número de casos da doença, cerca de 10 milhões, sendo mais de 6 dos EUA e quase de 4 milhões no Brasil. Além de serem também os dois primeiros em número de mortes: mais de 300 mil, com EUA passando das 180 mil e Brasil superando a casa das 120 mil mortes. Números que, infelizmente, já estão muito mais altos.
Vocês dizem que “o Quadro 1 é emblemático ao mostrar que esses dois países, tão discrepantes em seus graus de desenvolvimento, se aproximam de forma lamentável quanto aos níveis elevados de contaminação da Covid-19 e de ocorrência de óbitos.”
Você pode nos explicar essa “sinistra semelhança”?
4 A herança cultural escravista
No seu artigo “Subdesenvolvimento e janelas de oportunidade”, você cita Nelson Rodrigues que disse que: “subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos.”
Você continua para afirmar que:
“O subdesenvolvimento que assola o Brasil e os brasileiros possui raízes histórico-estruturais profundas. Alguns fatos são muito marcantes. O primeiro deles foi a presença de pessoas escravizadas no território brasileiro durante três séculos. Como consequência, o Brasil adentrou no mercado internacional sem ter ainda um mercado de trabalho, ou seja, vendiam-se mercadorias produzidas por escravos. Parece simples, mas não é apenas uma questão de forma, é toda uma carga cultural que permeia a nossa história.”
Você poderia aprofundar nesse tema da carga cultural que carregamos hoje? Poderia também explicar o que são as janelas de oportunidade para o país e se estamos diante de uma nova?
5 O ataque ao Estado brasileiro
No artigo “Comentários sobre a PEC 32/2020 e os Princípios da Administração Pública Deliberativa”, publicado pela Afipea, você afirma que:
Depois das reformas trabalhista e previdenciária, “agora chegou a vez da chamada Reforma Administrativa, que não é de fato, uma reforma administrativa e, sim, uma transformação profunda na concepção e natureza do Estado brasileiro. Sem surpresa e bem coerente com a visão desinformada e parcial instalada pelo Collor de que é preciso extinguir os marajás, que o Estado brasileiro é inchado e os servidores públicos ganham muito”.
Queria que você nos falasse sobre essa tentativa de transformar a concepção do Estado brasileiro
Breve Currículo
Liana Maria da Frota Carleial tem graduação em economia e mestrado pela Universidade Federal do Ceará e doutorado pela Universidade de São Paulo. Tem estágio de pós-doutorado na Universidade de Paris XIII.
É professora titular de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professora convidada do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD/UFPR) e pesquisadora do Núcleo de Direito Cooperativo e Cidadania (NDCC) da mesma universidade; é também pesquisadora associada ao GIREPS, da Universidade de Montréal.[+] Show More
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Cinco perguntas para o economista Nelson Barbosa
Cinco perguntas para o economista Nelson Barbosa 1 A importância dos ...
Cinco perguntas para o economista Nelson Barbosa
1 A importância dos termos de troca
Na introdução de seu artigo “De Dilma a Bolsonaro: a política econômica do Brasil de 2011 a 2019”, ...publicado na revista mexicana El Trimestre Económico, você afirma que:
“De fato, graças aos benefícios das condições favoráveis no exterior, o Brasil experimentou uma aceleração do crescimento durante a primeira década do século 21, na qual Lula adotou uma série de políticas para combater a pobreza e reduzir a desigualdade no mercado interno.
Apesar de suas inevitáveis inconsistências, a estratégia de ‘crescer e distribuir’ funcionou bem até 2010 e Lula encerrou seu mandato com um índice de aprovação sem precedentes de 87%; assim, deixou a presidência para outra administração do Partido dos Trabalhadores.”
Você poderia comentar o papel dos termos de troca internacionais favoráveis ao Brasil comparativamente ao papel das políticas adotadas pelo governo Lula de incentivo ao mercado interno? Poderia, também, explicar, o que são as “inevitáveis inconsistências” da estratégia de ��crescer e distribuir”?
2 O regime de metas de inflação
Falando sobre a política macroeconômica contracionista do primeiro ano de Dilma na presidência, você ressalta que:
“O aumento final dos preços foi de 6,5% em 2011, justamente o limite máximo considerado pelo governo em sua meta de inflação e 0,6 ponto percentual acima do ano anterior. Esse resultado demonstrou que os controles quantitativos não foram tão eficazes quanto os aumentos das taxas de juros no controle da inflação no Brasil e que era preciso uma taxa Selic mais alta para trazer a inflação para o centro da meta de 4,5%.”
Queria ouvir sua opinião sobre o regime de metas de inflação e os efeitos colaterais dos juros no emprego, na taxa de câmbio e no orçamento público.
3 O poder do “mercado”
Você menciona algumas vezes no texto que uma ação do governo “poderia reduzir a confiança dos mercados”, “que aumentou as preocupações de que a política monetária havia voltado a ser refém do ciclo política”, “que provocou um aumento das críticas por manipulação da política” para fins políticos.
Queria que você falasse sobre esse poder do “mercado”, especialmente financeiro, de constranger aqueles que tomam as decisões de política econômica. Decidir a política monetária e a política fiscal deveria mesmo estar fora da competência dos governantes eleitos?
4 A campanha de 2014
Falando sobre a campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2014, você diz:
“… apesar da necessidade clara de reformas estruturais para fazer frente aos crescentes desequilíbrios fiscais e monetários do país, sua campanha de reeleição foi baseada em um discurso de extrema esquerda que prometeu defender todas as vitórias das administrações passadas do PT, com o slogan de que não haveria ‘nenhuma redução de direitos sociais, nem um passo atrás’.”
Você poderia nos explicar o quadro daquele momento? Quais reformas você defenderia (ou defendeu)? Por que você qualifica a defesa dos direitos sociais conquistados até aquele momento como “discurso de extrema esquerda”?
5 Um resumo do governo Dilma
Você conta que, durante as eleições municipais de 2012, dizia-se que Lula tinha melhorado a vida das pessoas “da porta para dentro” e que Dilma faria o mesmo “da porta para fora”. Você aponta que:
“Apesar do diagnóstico correto, as coisas se tornaram muito mais difíceis na prática por três motivos. A primeira razão foi que, como já vimos, as condições financeiras internacionais tornaram-se difíceis em 2012 e continuaram a piorar até 2016.
(…)
O segundo motivo é que é muito mais difícil alcançar a inclusão social por meio dos serviços públicos do que por meio de transferências de renda, uma vez que os serviços não requerem apenas dinheiro, mas também um governo muito mais eficiente.
(…)
O terceiro motivo foi que, ao focar na estrutura econômica do país, a alta dos preços das commodities de 2006 a 2011 levou a uma maior valorização do real. Inicialmente, a valorização compensou a depreciação excessiva de 1999 a 2002, mas posteriormente passou a afetar a competitividade da indústria de transformação brasileira com consequências negativas para o crescimento produtivo geral da economia.”
Você poderia nos contar mais sobre esse resumo da administração Dilma?
Breve Currículo
Nelson Henrique Barbosa Filho possui graduação e mestrado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e PhD em Economia pela New School for Social Research.
Atualmente, é professor titular da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, professor adjunto da Universidade de Brasília (UnB), pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e colunista do jornal Folha de São Paulo.
No Governo, foi Ministro da Fazenda (2016) e Ministro do Planejamento (2015), durante o governo Dilma Rousseff.[+] Show More
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Cinco perguntas para o professor Elias Jabbour
Cinco perguntas para o professor Elias Jabbour 1 O pensamento de ...
Cinco perguntas para o professor Elias Jabbour
1 O pensamento de Ignácio Rangel
O geógrafo Armen Mamigonian, no livro que organizou com o economista José Márcio Rego, “O Pensamento de Ignácio Rangel”, ...escreveu que:
“Tanto para Ignácio Rangel como para Gramsci a verdade é revolucionária, daí decorrendo sua posição intransigente de remar contra a corrente, sempre que necessário, contra monetaristas e estruturalistas na questão da inflação brasileira, por exemplo. Daí ter sido sempre incômodo para os interesses dos poderosos e seus representantes no mercado de ideias e ‘formadores’ de opinião.”
Ele termina o artigo afirmando que “a luz de Ignácio Rangel, certamente, continuará a iluminar o Brasil por longo tempo.”
Queria que você comentasse esse parágrafo e nos dissesse por onde Ignácio Rangel capturou você?
2 A Nova Economia do Projetamento
Numa entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, você ressaltou o seguinte:
“Resgatamos a elaboração de Ignácio Rangel sobre a ‘economia do projetamento’ que surgiu no século passado e fruto da fusão entre a planificação soviética, o keynesianismo e a economia monetária. Essa economia foi proscrita com o fim da URSS, a emersão da dinâmica financeirizada de acumulação e o keynesianismo militarizado norte-americano. Esta economia renasce na China sob o acicate da ‘Nova Economia do Projetamento’, que pode ser vista como uma variação qualitativa do modo de produção socialista na China, gerando uma transição lenta e graduada, ‘planejamento compatível ao mercado’ ao ‘planejamento baseado no projeto’ (Project-Based Planning). Posso dizer que estou bem adiantado na categorização desta nova economia e em breve muitas novidades bem heterodoxas virão. A ‘Nova Economia do Projetamento’ é o socialismo versão 4.0.”
Você poderia aprofundar esse tema? Como você liga Ignácio Rangel ao socialismo 4.0?
4 Socialismo de mercado
Na mesma entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, você diz:
“Não gosto de trabalhar com conceitos apriorísticos, entre eles o de capitalismo e socialismo. O que existe na China é uma engenharia social nova que combina diferentes modos de produção, de diferentes épocas históricas, convivendo em uma certa ‘unidade de contrários’. Existe capitalismo na China, existem formas pré-capitalistas de produção que ocupam cerca de 400 milhões de camponeses. Existe o que eu chamo de ‘empresas não capitalistas orientadas ao mercado’, que são um mix de propriedade coletiva, com acionistas privados e estatais – mas sem primazia de capitalistas privados. E existe o núcleo da economia composto com uma centena de grandes conglomerados empresariais estatais, um sistema financeiro de longo prazo, capilarizado e estatal. Esse núcleo eu chamo de modo de produção socialista, o modo de produção dominante. (...) Nesse ‘socialismo de mercado, a capacidade do Estado de atuar na economia é quantitativamente maior e qualitativamente superior do que o verificado em um capitalismo, por exemplo.”
A gente, às vezes, ouve falar de ‘capitalismo de Estado’. Você pode comentar e nos contar mais sobre a combinação de diferentes modos de produção na China e o modo socialista dominante?
4 O século XXI
Em entrevista para o site do Instituto Humanitas Unisinos, você afirma que:
“É pelo diferencial na produtividade do trabalho que os diferentes modos de produção são superados. O arado de boi causou uma revolução tecnológica que levou ao fim o escravismo em prol do feudalismo. E assim sucessivamente. A superação do capitalismo vai demandar a existência de um modo de produção superior em matéria de geração de riqueza e sua distribuição. Tenho dito que as possibilidades abertas ao socialismo e à planificação econômica são imensas no mundo atual dada a maior capacidade de projetar e maxirracionalizar o processo de produção pela via da incorporação à economia real de todo esse aparato tecnológico à disposição. Se quisermos entender o século XXI teremos de entender e dominar a ciência da planificação econômica.”
Gostaria que você comentasse esse trecho da entrevista e nos dissesse o que está enxergando à nossa frente nesse século XXI.
5 Repensar o Brasil
O resumo de seu artigo para o livro “Repensar o Brasil”, com título “Sobre as Raízes e e as Influências Intelectuais do Pensamento de Ignácio Rangel”, afirma o seguinte:
“Tendo em vista os debates iniciados sobre a obra de Ignácio de Mourão Rangel, no bojo de seu centenário de nascimento (2014), este artigo tem por objetivo uma discussão inicial sobre as influências exercidas sobre o citado autor ao longo de sua extensa obra. (…) Tratam-se de influências que explicam, em grande monta, o êxito – em Rangel – tanto da transformação do materialismo histórico em algo profundamente brasileiro quanto a elaboração de uma Economia Política do Brasil.”
Você pode nos contar sobre esse artigo e, em que medida, é importante para o Brasil, nesse momento, rever o pensamento de Ignácio Rangel?[+] Show More
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Cinco perguntas para a socióloga Graça Druck e o economista Luiz Filgueiras
Cinco perguntas para a socióloga Graça Druck e o economista Luiz ...
Cinco perguntas para a socióloga Graça Druck e o economista Luiz Filgueiras
1 A democracia
Professor Luiz, no artigo “Capitalismo dependente e neoliberalismo na América Latina: a tragédia reiterada”, você afirma que:
“Na ...verdade, o pensamento político-filosófico de Hayek, um dos principais formuladores da doutrina neoliberal, confronta, no limite, a Democracia e o Estado de Direito. Essa é a razão objetiva do capitalismo contemporâneo, construído a partir da crise do Fordismo e da Socialdemocracia, ter resgatado esse pensamento nos anos 1970; pois o novo padrão de acumulação de capital construído, a partir de então, fica cada vez mais evidente, também confronta a Democracia e o Estado de Direito.”
Poderia comentar esse parágrafo sobre o movimento que teve Hayek e Friedman como lideres e aprofundar essa questão do confronto entre o capitalismo atual e com a Democracia e o Estado de Direito?
2 Os funcionários públicos
Professora Graça, no seu artigo “O parasitismo neoliberal e o ódio ao servidor público”, você afirma que:
“O funcionalismo público sofre hoje um assédio moral institucional, governamental e da grande mídia, que diariamente divulgam ou distorcem informações, para desqualificar e desmoralizar esses profissionais, destituindo-os da sua natureza fundamental, que é a de serem os agentes que executam e garantem o atendimento público em todas as áreas sociais. Sem eles, ou com um contingente cada vez mais reduzido, fica impraticável manter serviços para uma população de 210 milhões de pessoas.”
Gostaria de ouvir mais sobre esse processo de difamação dos funcionário públicos e a importância deles numa sociedade tão desigual quando a nossa.
3 Os trabalhadores
Professor Luiz, em seu artigo “Fora Bolsonaro: por que isso é urgente?”. Você declara que:
“Os ‘donos do poder real’, isto é, o grande capital (o ‘mercado’) e seus prepostos (na mídia, no Poder Judiciário, no Ministério Público Federal, na Polícia Federal, na cúpula das Forças Armadas, no Congresso Nacional) estão contentes com as iniciativas de Paulo Guedes na esfera econômico-social – destruindo direitos trabalhistas e previdenciários, com transferência brutal de renda para o capital financeiro. Também acreditam que podem controlar Bolsonaro, utilizando-o seletiva e cirurgicamente para atingir os seus interesses corporativos de classe.”
Por que o “Fora Bolsonaro” é urgente?
4 A universidade pública
Professora Graça, na entrevista “Dossiê faz raio-X do ‘Future-se’”, você diz:
“O modo de financiamento é central para garantir a autonomia na produção do conhecimento, na liberdade de discussão, de posicionamento frente à realidade econômica, social, política e cultural. O financiamento público é decisivo para garantir a existência pública da Universidade. A educação pública é um direito que o Estado tem a obrigação constitucional de sustentar.
A liberdade de expressão está ameaçada sempre com esse governo, e há várias iniciativas de perseguição a professores por seus posicionamentos em sala de aula e/ou pelo tema das suas pesquisas.”
Poderia no contar da atual situação da universidade sob ataque desse governo?
5 As forças antineoliberais e antifascistas
Deixei por último a introdução ao livro, assinado por vocês dois e que tem por título: “A tragédia política brasileira e a resiliência de Bolsonaro”. Nela vocês enumeram alguns apoios dos donos do capital a Bolsonaro e afirmam que:
“Mas é necessário destacar uma quarta constatação óbvia: as distintas frações da burguesia não são os únicos sujeitos da conjuntura, nem esta se move exclusivamente pelas suas ações e sob o seu controle. As forças políticas antineoliberais e verdadeiramente, por princípio, antifascistas, embora ainda sem ter (longe disso) a direção do processo de derrubada de Bolsonaro e de seu governo, se recuperaram do seu grande abatimento político e moral – que vinha desde o golpe de 2016 – e passaram a acreditar que isso é possível e necessário. Embora a pandemia dificulte a sua capacidade de articulação e mobilização, atrasando a constituição de um movimento de massa nas ruas, que seja decisivo para a retirada do fascista, isso tenderá a ser concretizado na medida em que o vírus comece a dar uma trégua.”
Vocês poderiam falar essa recuperação das forças antineoliberais e antifascistas?[+] Show More
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Cinco perguntas para a economista Esther Dweck
Cinco perguntas para a economista Esther Dweck Esther Dweck é ...
Cinco perguntas para a economista Esther Dweck
Esther Dweck é professora associada do Instituto de Economia da UFRJ.
É graduada em ciências econômicas e possui doutorado em Economia pela Universidade Federal ...do Rio de Janeiro (2006), com período-sanduíche no LEM da Scuola Sant'Anna, em Pisa, Itália.
Entre 2011 e 2016, atuou no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no cargo de Chefe da Assessoria Econômica e como Secretária de Orçamento Federal.
É organizadora, com Ana Luíza Matos de Oliveira e Pedro Rossi, do livro “Economia Para Poucos: Impactos Sociais da Austeridade e Alternativas para o Brasil, pela Autonomia Literária, 2018.
1 O governo Dilma
Você ficou no governo durante todo o período Dilma Rousseff, poderia nos contar da sua experiência?
2 Quem é contra o pleno emprego
Com Fernando Gaiger Silveira e Pedro Rossi, você escreveu o artigo: “Austeridade e desigualdade social no Brasil”, para o livro “Economia para Poucos”.
Nele, vocês citam um artigo de Kalecki, “Aspectos Políticos do Pleno Emprego”, em que ele ressalta “que apesar de conhecida, a forma mais simples de manutenção do pleno emprego por meio de despesa governamental dificilmente ocorreria numa economia capitalista devido a questões políticas”.
Vocês complementam: “essa reflexão de Kalecki se aplica ao caso brasileiro uma vez que, a partir de 2013, período em que a taxa de desemprego chegou a níveis historicamente baixos, começou uma forte pressão sobre o que passou a ser considerado um ‘mercado de trabalho muito aquecido’.” (44)
Você poderia falar sobre essa conclusão de Kalecki e o que aconteceu no Brasil de 2013?
3 O gasto social
No mesmo artigo você dizem que “em linhas gerais, podemos resumir o impacto distributivo da política fiscal no Brasil como uma política um lado que concentra (tributário) e outro que distribui (o gasto); ou seja, que o sistema tributário não contribui para redução da desigualdade, pois todo o ganho de distribuição com a arrecadação direta, é perdido pela arrecadação indireta e que todo o efeito distributivo ocorre pelos gastos públicos: transferências e pelos serviços públicos.”
Em outras palavras, o governo “dá com uma mão e tira com a outra”. É isso?
4 O ataque aos avanços sociais
Em artigo para a Jacobin Brasil, 15/02/2020, com o título Austeridade é a maior aliada do coronavírus no Brasil, você explica que:
“Desde o golpe do impeachment, que apeou a presidenta Dilma Rousseff do poder, a mídia hegemônica e os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro sustentam uma agenda ultraliberal apoiados em um discurso de que a ‘próxima’ reforma irá consolidar a retomada da atividade econômica. O discurso retórico não é, no entanto, nenhuma novidade: foi assim com o impeachment, a aprovação da Emenda Constitucional 95/2016 (‘Teto dos gastos’), a reforma trabalhista, a reforma da previdência, também com as três PECs enviadas ao Congresso em novembro de 2019 e, agora, com a reforma administrativa.”
Você poderia aprofundar um pouco mais sobre esse ataque ultraliberal aos avanços sociais?
5 O orçamento do governo para 2021
No artigo “Os desafios da pandemia em meio ao desmonte neoliberal no país”, você afirma que a mensagem principal do governo, no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2021, era “manter austeridade fiscal para 2021-2023”.
Você poderia nos nos contar sobre a proposta de orçamento e dizer o que isso significa para nossa economia no ano que vem?[+] Show More
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Cinco perguntas para o cientista político Pedro Brancher
Cinco perguntas para o cientista político Pedro Brancher 1 A era do ...
Cinco perguntas para o cientista político Pedro Brancher
1 A era do capital fictício
O artigo que você escreveu para a revista Insight Inteligência, tem como título “O tumor da quase ...moeda - financistas se divorciam do resto da humanidade”. Você poderia nos explicar esse título e a ideia geral do texto?
2 A disputa pela hegemonia e o freio neoliberal
Mais à frente, no mesmo texto, referindo-se aos Estados Unidos e à China, você diz que “o jogo pela hegemonia ainda está no meio tempo”.
E complementa: “do nosso ponto de vista, porém, a China possui uma importante vantagem estrutural no atual confronto. Nossa hipótese de trabalho é que, o fato de não existir uma tecnocracia financeira poderosa, na elite política que comanda o processo decisório das instituições estatais chinesas, faz com que as capacidades estatais do Estado chinês não sejam utilizadas de acordo com princípios normativos derivados da ideologia neoliberal”.
Poderia falar um pouco mais sobre essa ventagem, sobre esses princípios normativos que freiam, ou estacam, o desenvolvimento?
Em que medida a ascensão da República Popular da China será acompanhada pela emergência de uma arquitetura institucional global fundamentada em princípios distintos do neoliberalismo?
4 “Xiaokangshahui”
O que é “Xiaokang”, uma sociedade moderadamente próspera, e como você sentiu o nível de bem estar dos chineses no período que você morou lá?
5 A Transição Sistêmica
Na apresentação que você e o professor Marco Cepik fizeram para o Fórum 21, vocês se referem à Transição Sistêmica: demográfica, climática, energética, tecnológica e política. Poderia nos falar mais sobre essa transição?
Breve currículo
Pedro Txai Leal Brancher é doutorando em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP/UERJ), mestre em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e bacharel em Relações Internacionais pela UFRGS.
É pesquisador Associado do Grupo de Estudos em Economia e Política (GEEP) do IESP e vinculado ao Grupo de Estudos em Capacidade Estatal, Segurança e Defesa (GECAP) da Universidade Federal de Santa Maria.[+] Show More
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Cinco perguntas para a economista Luciana Caetano
Cinco perguntas para a economista Luciana Caetano 1 O elo entre ...
Cinco perguntas para a economista Luciana Caetano
1 O elo entre desigualdade regional e desigualdade social
Sua tese de doutorado tem o título “Desigualdades sociais no Brasil: fios condutores, enfrentamento no período ...2003 a 2014 e resultados alcançado”.
Nela você afirma que:
“Há consenso entre os autores da economia regional de que, entre 1930 e 1970, houve elevação do grau de concentração tanto da atividade produtiva quanto da renda, esta última, concentrada tanto entre indivíduos (desigualdade social) como entre regiões (desigualdade regional).”
E o título do seu livro é “ O elo entre desigualdade regional e desigualdade social”. Você pode nos explicar esse elo?
2 O protagonismo do Estado
No trecho que você avalia a influência das políticas públicas na trajetória das desigualdades sociais, você aponta que:
“A partir da década de 1940, especialmente após a segunda guerra mundial, a regulamentação dos mercados pelo Estado mostra-se imprescindível à estabilidade das economias capitalistas e os donos do capital convivem bem com essa intervenção até final da década de 1970.
No Brasil, as funções do Estado se ampliam passando a assumir, além da regulamentação, a função de produtor de bens e serviços para suprir a ausência dos investimentos privados em setores estratégicos ao desenvolvimento, com retorno de longo prazo, empenho de grande volume de recursos e risco elevado.
Esse processo se deu com investimentos do Estado Nacional na indústria de base, na matriz energética, nas obras de infraestrutura, na fundação de instituições ligadas ao sistema financeiro e de instituições de ensino e pesquisa, concentrando na região Sudeste várias cadeias produtivas organizadas e atraindo para o Estado de São Paulo investimentos privados nos setores mais dinâmicos da economia nacional.”
Queria que você falasse sobre a responsabilidade do Estado nessa questão da desigualdade regional. Você pode nos contar, também, sobre esse período pós-guerra e como a ação do Estado fez a balança da produção pender muito para o Sudeste?
3 O período de 2003 a 2014
Na parte da tese que você trata da “Distribuição espacial das cadeias produtivas no Brasil”, você diz:
“Se o sistema de mercado priva parte da sociedade do acesso a habitação, alimentação, saúde, educação e cultura, cabe ao Estado Nacional, em parceria com os estados subnacionais, provê-los das condições materiais básicas para que vivam dignamente, independente de raça, gênero, situação de domicílio ou localização geográfica, visto ser a pobreza um problema de Estado e não um problema individual, alimentada pelas engrenagens do sistema de reprodução capitalista.
(…)
A partir de 2003, há um esforço do governo federal em conciliar o modelo neoliberal com políticas públicas de inclusão social, abrangendo mercado de trabalho, assistência social, habitação, saúde e educação.” (78)
Você poderia falar sobre o período entre 2003 e 2014? O dado sobre mortalidade infantil é impressionante: tínhamos, no Brasil, 45 mortes por mil crianças nascidas vivas em 1991, 31 em 2000 e 14 em 2014. Quais outros dados que você trabalhou para sua tese que julga importante mencionar?
4 Ações estruturantes e redistributivas
Na conclusão do seu trabalho você diz:
“O enfrentamento às desigualdades sociais, portanto, depende de esforços para além de tudo o que já foi visto até agora, desde a década de 1930. Nenhuma ação isolada surtirá efeito, mas um conjunto articulado de ações entre políticas estruturantes e redistributivas.”
E você enumera cinco ações estruturantes e redistributivas. Poderia nos falar sobre elas.
5 Impactos da pandemia sobre diferentes estratos sociais
Sem fugir do tema desigualdade, o Brasil experimenta uma pandemia que acentua o abismo entre pobres e ricos, com forte impacto sobre o mercado de trabalho. É possível, a partir dos dados disponibilizados pelo IBGE, mensurar os impactos da pandemia sobre diferentes estratos sociais?
Breve currículo
Luciana Caetano da Silva tem doutorado em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP (2018); Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (2003) e Graduação em Ciências Econômicas (1993) pela Universidade Federal de Alagoas.
Atualmente é professora adjunta da FEAC/UFAL. Foi coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da UFAL (2010-2011), assessora de planejamento do INCRA Maceió (2006-2009) e superintendente de emprego e renda na Secretaria Estadual do Trabalho do Estado de Alagoas (2012-2013).
É autora do livro: “O elo entre desigualdade regional e desigualdade social, pela editora da Ufal e Fundação Perseu Abramo, 2019.[+] Show More
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Cinco perguntas para o economista Sérgio Mendonça
Cinco perguntas para o economista Sérgio Mendonça A história recente ...
Cinco perguntas para o economista Sérgio Mendonça
A história recente do mercado de trabalho Brasil por um ator presente em todos os principais momentos desde a redemocratização: Sérgio Mendonça, ex-diretor do ...Dieese.
Breve currículo
Sérgio Mendonça fez graduação e pós-graduação na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo.
Foi diretor técnico, por 13 anos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Foi Secretário de Recursos Humanos (2003 - 2007) e, no governo Dilma, Secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público Federal do Ministério do Planejamento (2012 - 2016).
Atualmente Sérgio é diretor do portal de notícias de economia Reconta Aí.
1 A entrada no DIEESE e a redemocratização
No Projeto Memória do Dieese, você escreveu:
“Quando eu entrei no DIEESE, larguei essa área de computação e fui ser economista, que era o que eu gostava. O Barelli era um economista famoso, já começando a ficar famoso, tudo isso é final dos anos 70, é o período de redemocratização do Brasil, o período das lutas sindicais, da anistia em 79, é esse período.
O DIEESE já estava ficando reconhecido porque em 77, apareceu a denúncia da manipulação da inflação em 73. Quando eu estava no segundo ano da faculdade, o DIEESE já começou a ser uma instituição importante.”
Você pode nos contar sobre seu primeiros anos de atuação no Dieese? Pode nos descrever esse período de final da ditadura e início da redemocratização? Como estava nossa economia e, especialmente como estava o mercado de trabalho?
2 A chegada do neoliberalismo
Você continua:
“Nos anos 90, com o ataque da abertura de mercados, da globalização, neoliberalismo, do Collor, os sindicatos começaram a cair. O desemprego cresceu muito, dobrou de tamanho entre 89 e 92.”
Queria saber de você como foi essa entrada do neoliberalismo no Brasil.
3 Plano Real e crise de 1999
Sobre o Plano Real você salienta que:
“Primeiro, dissemos que o Plano Real ia ser duradouro, o que a maioria duvidava, pois já havia fracassado o Plano Cruzado, o Bresser, o Verão e o Collor I e Collor II, foram cinco planos antes do Real, pesados, mas apesar disso achamos que nas condições que estavam dadas o Plano Real ia ser um plano duradouro, ia ter um impacto grande, inclusive político, na eleição de 94, com a vitória do Fernando Henrique, que era o Ministro da Fazenda que fez o plano junto com a equipe, então isso nós acertamos.”
Você pode nos contar sobre o Plano Real e os resultados para os trabalhadores?
4 Governos Lula e Dilma
No governo Lula você assumiu o cargo de Secretário de Recursos Humanos (2003 - 2007) e, no governo Dilma, Secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público Federal do Ministério do Planejamento (2012 - 2016).
Queria saber mais sobre essas funções que você exerceu e como foi esse período para a economia e para o mercado de trabalho.
5 O pós-golpe e futuro
Você foi consultado para a matéria “Pnad: Brasil atinge a maior taxa de desemprego da série histórica”, do site Reconta Aí:
“Mendonça conclui ainda que a taxa de desemprego, somada ao desalento e às pessoas que estão trabalhando mas aceitariam trabalhar mais horas, atingiu o patamar de 30,1%. Ou seja, no Brasil de hoje, há 33 milhões de pessoas que precisariam trabalhar e receber mais para viver. É um contingente altíssimo de pessoas que dependem de uma melhora na economia.”
Queria ouvir sua avaliação sobre esse período pós-golpe e o que você enxerga para os próximos anos.[+] Show More
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Cinco perguntas para o economista Uallace Moreira Lima
Cinco perguntas para o economista Uallace Moreira Lima O ...
Cinco perguntas para o economista Uallace Moreira Lima
O desenvolvimento e o New Deal sul-coreano, a indústria em face das mudanças climáticas, as reformas trabalhistas e a recuperação em ‘V’ ... serão os temas dessa sexta, 25/9, 19h30.
Breve currículo
Uallace Moreira Lima é mestre e doutor em desenvolvimento econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP).
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi pesquisador visitante do Korea Institute for International Economic Policy (KIEP) e pesquisador convidado Russian Institute for Strategic Studies (RISS).
Atualmente é professor adjunto da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (FCE/UFBA) e pesquisador visitante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
As cinco perguntas
1 O desenvolvimento sul-coreano
Sua tese de doutorado, “Desenvolvimento capitalista e inserção externa na Coreia do Sul”, que trata do desenvolvimento sul-coreano entre 1974 e 1989, aponta possíveis motivos que fizeram a diferença no desenvolvimento do Brasil e da Coreia do Sul. Você poderia nos contar suas principais conclusões?
Um estudo da OCDE de agosto prevê que a Coreia do Sul deve deixar de ser a 12a maior economia do mundo e subir para a 9a posição neste ano de 2020. Além disso, o país que cai da 9a posição para a 12a deve ser o Brasil. O Canadá (10o) e a Rússia (11o) devem permanecer em suas posições. Você poderia avaliar a performance coreana nesse ano de pandemia e falar sobre o New Deal coreano?
3 Reindustrialização e sustentabilidade climática no Brasil
A participação da indústria de transformação no Brasil caiu de 17,4% do PIB em 2006 para 11% em 2019. Queria saber sua opinião sobre uma possível reindustrialização e a forma que ela deveria acontecer para ser sustentável também do ponto de vista climático.
4 As reformas trabalhistas
No artigo “Os impactos jurídicos, econômicos e sociais das reformas trabalhistas”, que você escreveu com Vitor Araújo Filgueiras, Uallace Moreira Lima e Ilan Fonseca de Souza, vocês dizem que:
“Para os seus defensores, as reformas são como buracos sem fundo. Para eles, as mudanças nunca são suficientes, e cavar uma nova reforma é sempre necessário. Na verdade, nos parece que as reformas não podem cumprir o que prometem, nem é este o seu objetivo de fato. Como as estruturas de proteção ao trabalho ainda podem ser muito mais precarizadas, e é isso o que efetivamente se pretende, novas reformas continuam em pauta.”
Você poderia comentar sobre esse artigo e essa conclusão a que vocês chegaram?
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no início do mês, que a economia brasileira está em processo de recuperação em V. A recuperação em V é um termo usado por economistas para indicar uma retomada intensa depois de uma queda vertiginosa na atividade econômica.
Queria ouvir sua opinião sobre essa previsão do ministro.[+] Show More