O segmento dos “cuidados” e os desafios para o movimento sindical

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Linoca Souza – Revista FAPESB

Em recente atividade preparatória à V Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia a Ana Georgina Dias, supervisora do Escritório Regional da Bahia do DIEESE, quando indagada sobre o segmento profissional que seria mais afetado por mudanças tecnológicas, Inteligência Artificial por exemplo, não titubeou : todos os segmentos à exceção dos “cuidados pessoais”.

É bem mais que uma opinião. O setor de cuidados é bem maior que o acompanhamento de idosos ou de enfermos graves. Engloba uma gama de serviços que na sua quase totalidade implicam na interação física entre pessoas.

Por coincidência nesta semana tive acesso a reportagem da Revista FAPESB construída a partir de pesquisa realizada pelo Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que assegura que o segmento de cuidados ocupa 24 milhões de pessoas o que corresponde a 25% da população empregada.

Leia o artigo clicando em https://revistapesquisa.fapesp.br/no-brasil-24-milhoes-de-trabalhadores-atuam-no-setor-do-cuidado/ . No corpo da reportagem encontaremos links para a pesquisa e outros textos.

Vale salientar que este segmento tende a se expandir por conta do aumento da expectativa de vida da população brasileira e pelas novas configurações familiares.

Do ponto de vista sindical os desafios são imensos e variados: parte deste contingente de trabalhadores está representado por sindicatos tradicionais tais como motoristas, médicos, enfermeiros ou trabalhadores domésticos. É bem provável que muitos dos profissionais dos cuidados situem-se numa zona imprecisa entre o trabalhador da saúde e o trabalhador doméstico. E quase sempre exercem solitariamente a sua função com um vínculo contratual precário.

Dada a natureza da atividade, que requer deslocamentos constantes e rápidos, a mobilidade urbana passa a ser elemento crucial para o acesso ao trabalho e por consequencia à renda. E morar perto dos polos “contratantes” destes serviços também impactam diretamente na renda.

Enfim, novos temas na agenda sindical que devem ser incorporados ao cotidiano dos dirigentes atuais. Ou daqueles que venham a substituir os que venham a perder “o bonde da história”.


Publicado originalmente em Trampo, Trabalho e Economia Solidária.

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