por Pedro Rossi
Apesar do crescimento do PIB de 4,6%, 2021 não foi ano de recuperação, mas de estagnação.
O erro das análises é desconsiderar o carregamento estatístico. Explico…
Supor a seguinte sequência de PIBs trimestrais:
– Ano 0: 1o Tri = 100, 2o Tri = 96, 3o Tri = 92, 4o Tri 0 = 88, Ano = 94;
– Ano 1: 1o Tri = 88, 2o Tri = 92, 3o Tri = 96, 4o Tri 0 = 100, Ano = 94 e
– Ano 2: 1o Tri = 100, 2o Tri = 100, 3o Tri = 100, 4o Tri 0 = 100, Ano = 100.
Nesse exemplo hipotético a variação % do PIB no ano 1 é zero e no ano 2 é 6%. Apesar disso, o ano 1 é um ano de recuperação enquanto o ano 2 é um ano de estagnação da produção trimestral. Isso porque o ano 0 deixa um carregamento estatístico negativo, enquanto o ano 1, positivo.
Saindo do exemplo abstrato para o caso brasileiro, tem-se algo parecido. 2021 foi um ano de estagnação. A crise e a recuperação ocorreram principalmente em 2020 que deixou um carregamento estatístico positivo para 2021.
A variação de 4,6% é, em grande parte, herança estatística (carry over). A queda e a recuperação ocorreram essencialmente em 2020. O gráfico abaixo mostra que 2021 foi ano de estagnação com uma recessão técnica (2 trimestres consecutivos de queda).
Lembrando que nossa recuperação (linha vermelha) está mais lenta que a média mundial, da OCDE, do G20… Brasil abaixo de todos.
Na previsão de crescimento do FMI para 2022, o Brasil está em último da fila de 30 países.
Vale lembrar que ainda estamos mais pobres que 2014. a política econômica de 2015 pra cá tem sido um desastre.