Nota de repúdio à brutal execução de Bruno Pereira e Dom Phillips

ABED
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A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – ABED vem a público lamentar, condenar e exigir apuração rigorosa e transparente da brutal execução do indigenista e funcionário público da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, Bruno Pereira, e do jornalista britânico Dom Phillips.

Defensores dos povos originários da região, Bruno Pereira e Dom Phillips fizeram por merecer o respeito, a amizade, a gratidão, pela dedicação e compromisso na missão de contribuir com a preservação daquele santuário e seus habitantes.

Assim, o bárbaro assassinato que interrompe sua luta os credencia a integrar panteão de mártires da Amazônia, unindo-se a Chico Mendes, Dorothy Stang, Maxciel Pereira dos Santos e tantos outros, como Paulo Paulino Guajajara, ou indígenas Moxihatetema, Yanomamis, também voltados à causa de preservação da Floresta e seus povos, igualmente vítimas da ganância e exploração de todo tipo de criminosos.

Ciente da omissão da presença do Estado brasileiro naquela região, a ABED exige uma investigação profunda que conduza à identificação dos assassinos, inclusive os mandantes e todos que se omitiram no cumprimento de seu dever de ofício: políticos com ou sem mandatos, civis em cargos públicos de defesa da região, ou Forças militares de quaisquer Forças e patentes.

Esse crime não pode, como outros tantos anteriores, ficar sem uma punição exemplar.

A ABED aproveita ainda para manifestar seu completo repúdio a todo o conjunto de políticas, caracterizado pela a-política praticada de forma deliberada e intencional pelo governo federal e outras esferas administrativas de entes sub nacionais e que tem promovido a degradação, devastação e destruição da Floresta, dentro de uma visão neoliberal de Estado minimalista.

Esta estratégia equivocada, desrespeitosa e inconstitucional que norteia os integrantes do atual governo, visa a total aniquilação dos povos indígenas, extinguindo cultura, tradições, conhecimentos e experiências acumuladas há séculos pelos povos da região, que poderiam contribuir imensamente com o desenvolvimento sustentável das próximas gerações do Brasil e do mundo.   

Sob a filosofia do Estado mínimo e o corte de verbas orçamentárias daí decorrente o governo estimula, de forma consciente, a negação dos poderes de intervenção do Estado, o que conduz à paralisação dos processos de demarcação de terras indígenas; à defesa do marco temporal; à desestruturação ou desvio de finalidade dos órgãos responsáveis pela fiscalização, controle e aplicação de penalidades na região.

Tais práticas se somam aos ataques à democracia e ao papel fundamental da imprensa e repórteres livres, desferidos pelo governo Bolsonaro.

Terra de ninguém, a Amazônia virou território dominado por narcotraficantes; grileiros; promotores da agricultura e da pecuária extensiva de exportação; por contrabandistas de animais silvestres, plantas e madeiras ilegais; domínio de caçadores, pescadores e mineradores que dilapidam, destroem e incendeiam o meio ambiente.

Junto de lucros embalados em sangue, acarretam o processo de aquecimento global que coloca em risco a própria vida humana.

É contra este governo que apoia, estimula e incentiva a prática de crimes na região que toda a sociedade deve lutar, exigindo atitudes em prol da preservação da vida no planeta.

Alcançado este objetivo, a morte trágica de Bruno, Dom e tantos outros não terá sido em vão.

A estes heróis da resistência, e a suas famílias, a que nos solidarizamos, a ABED presta seu reconhecimento, homenagens e respeito.

Manaus (Amazonas), 16 de Junho de 2022.

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