Solidariedade às vítimas da chacina da Penha

ABED
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Os economistas da seção fluminense da ABED (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia) manifestamos nossa solidariedade às vítimas, a seus familiares e a seus amigos da chacina perpetrada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Rodoviária Federal no dia 24 de maio de 2022 na Vila Cruzeiro, complexo da Penha, zona norte da capital, que deixou 25 mortos.

O episódio bárbaro e desumano repete a tragédia cometida em condições similares um ano antes na comunidade do Jacarezinho, que vitimou fatalmente 28 pessoas. Infelizmente, o medo da ação da polícia é uma realidade diária para grande parte das cidadãs e dos cidadãos do Rio de Janeiro.

O combate à violência é desejo da sociedade brasileira. Pessoas de todas as classes querem viver em paz para poder trabalhar, criar os filhos, se divertir e tudo mais que qualquer vida deve ter o direito.

A dor de quem vivencia uma experiência tão aterrorizante cometida pelo Estado é descomunal. A repetição de chacinas e a opressão cotidiana que aflige grande parte da sociedade nos entristece e humilha, como indivíduos e coletividade.

A polícia não é nossa inimiga, pelo contrário. Grande parte dos policiais se pauta pelo respeito à lei e pelo profissionalismo, com aspiração legítima a remuneração e condições de trabalho compatíveis com a relevância de sua atividade, e merecem o respeito e a admiração da população. Além disso, essas operações são inefetivas e expõem policiais ao risco, tornando-os, ao mesmo tempo, vítimas dessa política.

Mas é vergonhoso que o governador Cláudio Castro nem sequer coloque em dúvida a atuação policial nesses trágicos episódios ao considerar correta a atuação das forças de segurança e que pretenda dar continuidade a esse tipo de operação. Não é de surpreender que nos dois anos de mandato tenha-se alcançado níveis recordes de mortes em ações policiais dessa natureza.

Sabemos que esse tipo de truculência tem ressonância política positiva em parte considerável da população. O terror imposto pelas facções criminosas faz com que se julgue acertado que a polícia reaja fora da lei, promovendo execuções sumárias, de gente envolvida ou não com esses grupos. Porém, após quase vinte anos de expansão das milícias no Rio de Janeiro, está claro que o resultado é tão nefasto quanto o domínio do tráfico.

Só a vivência cotidiana do respeito à lei e à civilidade será capaz de fazer que essas pessoas mudem ideias tão arraigadas. A nós, cabe lutar para que as pessoas tenham a chance de viver em um lugar em que a polícia respeite a lei e a população e que seja assim também respeitada.

Hoje, a luta pela democracia que travamos no Brasil se expressa no Rio de Janeiro principalmente pela busca de uma nova forma de encarar a segurança pública. A solidariedade a nossos conterrâneos é o que podemos oferecer nesta carta, mas clamamos ao senso de justiça de toda a sociedade fluminense e brasileira e convocamos o Ministério Público a apurar o ocorrido com o rigor da lei. Precisamos ter governantes que sejam capazes de mudar a política de segurança, a própria polícia e demais instituições, que preservem o respeito à lei e aos direitos das pessoas, buscando trazer a paz para todos!

Rio de Janeiro, 30 de maio de 2022.

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