Vitória no Uruguai fortalece esquerda no continente e contraria previsões de terra arrasada
29 de novembro de 2024
imagem: Reprodução X
texto: Bepe Damasco
A vitória do candidato da Frente Ampla (coalização de esquerda e de centro-esquerda, na qual a esquerda é hegemônica), Yamandú Orsi, no segundo turno da eleição presidencial do Uruguai, tem grande importância estratégica para as forças progressistas do continente sul-americano.
Além de reforçar as políticas de integração lideradas pelo Brasil desde o primeiro governo de Lula (só interrompidas no período Temer/Bolsonaro), a eleição de Yamandú restabelece uma parceria com o Brasil fundamental para a manutenção e o avanço do Mercosul como bloco comercial.
O resultado no país vizinho do Sul também tem o condão de trazer mais racionalidade ao debate sobre os rumos da esquerda. É que depois dos triunfos da direita e da extrema-direita nas eleições municipais brasileiras e de Trump nos Estados Unidos, muitos analistas da imprensa comercial, e até dos segmentos populares e progressistas, carregaram nas tintas em relação às perspectivas atuais e futuras da esquerda democrática no Brasil, nas Américas e no mundo.
Essas visões catastróficas tinham nítido objetivo político, no caso dos comentaristas do cartel da mídia. Já entre os progressistas, embora as críticas em geral fossem na direção correta, notava-se um tom exagerado na análise da conjuntura, que apontava para uma situação de fim de mundo, de terra arrasada, para as forças de esquerda.
Não que a esquerda não tenha que formular urgentemente métodos criativos de se reconectar com os pobres, com os moradores de favelas e bairros periféricos e elaborar táticas e estratégias que permitam a abordagem política de um mundo do trabalho virado de ponta a cabeça, com a febre dos aplicativos e a Quarta Revolução Industrial. Ninguém também em sã consciência pode negar as debilidades do campo progressista nas redes sociais, instrumento de ação política essencial dos dias atuais,.
Contudo, é necessário calibrar o debate com bom senso, afinal a esquerda da América Latina, fora o Uruguai, venceu em tempos recentes as eleições no Brasil, México, Bolívia, Chile, Colômbia, Honduras, Suriname e Guiana.
Na Europa, só para citar três exemplos, a coalizão de esquerda comandada pela França Insubmissa obteve expressiva vitória nas eleições legislativas, o Partido Trabalhista voltou ao poder no Reino Unido, enquanto na Polônia, a direita foi derrotada por uma aliança de centro-esquerda depois de longos anos no governo.
Mas há uma tendência que deve ser observada com atenção por nós, brasileiros: a grande maioria dos eleitos, nos últimos pleitos, em todas as parte do mundo, são oposicionistas. No Uruguai, nem mesmo os altos índices de aprovação do atual presidente Luis Alberto Lacalle Pou foram capazes de evitar a derrota de Álvaro Delgado, do Partido Nacional, candidato da situação.
Isso parece revelar a insatisfação e a pressa das pessoas em melhorar suas condições de vida, optando inclusive em não dar uma segunda chance a candidatos de partidos e coalizões governistas.
Não estou querendo dizer que esse movimento do eleitorado se repetirá no Brasil. Mas não custa pôr as barbas de molho.
publicação original:

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