Tarifaço: Dia da Libertação ou Dia da Idiotia?
4 de abril de 2025
imagem: White House – Flickr
texto: Maria Luiza Falcão Silva
O império ameaça com “olho por olho, dente por dente”. O mundo inteiro aguarda a nova investida de Trump com o anúncio do tarifaço global. O objetivo, segundo Trump, é restaurar os “anos áureos” dos Estados Unidos.
Os “anos áureos” dos Estados Unidos são frequentemente associados a dois períodos principais de prosperidade e transformação: os Dourados Anos Vinte (década de 1920) e o pós-Segunda Guerra Mundial (décadas de 1950 e 1960). Dois períodos marcados por crescimento econômico, inovação cultural e influência global.
Nos Dourados Anos Vinte (1920–1929), o contexto econômico era de pós Primeira Guerra Mundial (1914–1918), e os EUA emergiram como credores globais, acumulando riqueza ao fornecer armas, alimentos e empréstimos à Europa.
A industrialização acelerada, impulsionada por inovações como o automóvel (Fordismo) e eletrodomésticos, gerou uma economia de consumo em massa. O lema American way of life incentivava o consumo desenfreado, apoiado por crédito fácil e publicidade.
Esse período durou até que os investimentos especulativos criaram a bolha financeira, com ações supervalorizadas na Bolsa de Nova York que, em 24 de outubro de 1929, experimentou “o crash” que desencadeou a Grande Depressão, encerrando abruptamente a era de prosperidade.
A década foi marcada por transformações culturais memoráveis: pelo jazz; pela moda ‘flapper’ que desafiou as normas sociais e estéticas da época; pelo cinema sonoro; e pela Lei Seca (1920–1933), que gerou o crime organizado e bares clandestinos. Cidades como Chicago e Nova York viram a construção de arranha-céus, simbolizando modernidade. A riqueza estava concentrada nas mãos de poucos, com enormes desigualdades sociais.
Já o segundo período áureo, o pós-Segunda Guerra Mundial (1945–década de 1960) foi quando os EUA se tornaram a maior potência econômica global. Saíram incólumes da guerra. O Plano Marshall (1948), sob sua liderança, financiou a reconstrução europeia, ampliando mercados para produtos americanos. A indústria automobilística, a construção civil e o consumo doméstico (como televisores e eletrodomésticos) impulsionaram a economia, com o PIB crescendo 37% na década de 1950.
Expandiu-se a classe média. Subúrbios como “Levittown” simbolizaram o “sonho americano”, com acesso a educação, saúde e crédito imobiliário.
Houve Inovações tecnológicas substantivas e a corrida espacial culminou na chegada à Lua em 1969 (Apollo 11). Em termos geopolíticos, a Guerra Fria contra a União Soviética consolidou o papel dos EUA como líder global do mundo contra o “comunismo”. A indústria bélica e a pesquisa científica (como o Projeto Manhattan) também impulsionaram a economia.
Apesar da prosperidade, a década de 1960 foi marcada por tensões, como o Movimento pelos Direitos Civis (liderado por Martin Luther King Jr.) e protestos contra a Guerra do Vietnã, refletindo contradições internas.
Os anos 1920 tiveram como foco o consumismo e o liberalismo econômico, mas com fragilidades estruturais que levaram à crise. O Pós-1945 foi um período de prosperidade sustentada por políticas keynesianas, expansão do Estado de bem-estar e hegemonia global.
Ambos os períodos reforçaram a imagem dos EUA como símbolo de modernidade, embora enfrentando desafios sociais e econômicos.
Estamos hoje o mundo inteiro em grande expectativa para o que o Donald Trump nos apresentará como novos anos áureos para os Estados Unidos. O anunciado como o “Dia da Libertação” pelo Império em decadência, é a ameaça de um tarifaço global que desorganizará o comércio internacional, que rompe com a divisão internacional do trabalho e ameaça os próprios Estados Unidos e a prosperidade do mundo como um todo. A partir de hoje o Dois de Abril devia ser comemorado como o Dia da Idiotia no mundo inteiro.
publicação original:
https://jornalggn.com.br/eua-canada/dia-da-libertacao-ou-dia-da-idiotia-por-maria-luiza-falcao/

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