Injustiça climática: estudo aponta desigualdades na responsabilidade pela mudança do clima
7 de março de 2025
imagem: IPEA.gov
texto: Vinícius Mendonça/Ibama
Relatório indica os países que ultrapassaram seus orçamentos de carbono e sugere investimento em medidas de mitigação e adaptação em regiões mais vulneráveis .
As causas e os impactos da mudança do clima não são distribuídos de forma equitativa. Os países desenvolvidos foram historicamente os maiores responsáveis pelas emissões de carbono, mas é nos países mais pobres que os efeitos negativos são sentidos com maior intensidade.
O estudo Climate Injustice and Climate Debts: Estimating Responsibility for Climate Change, do técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea Rodrigo Fracalossi de Moraes, publicado pelo International Poliy Centre for Inclusive Development (IPCid), identificou quais países, dentre aqueles com as 25 maiores economias e/ou populações do mundo, utilizaram seus orçamentos de carbono e, portanto, possuem dívidas climáticas.
A estimativa foi calculada com base em um orçamento global de carbono de 2.790 Gt (gigatoneladas de carbono), tendo como base o ano de 1990. Este orçamento é compatível com a probabilidade de 67% de aumento de 1,5 °C na temperatura média global em relação a níveis pré-industriais, conforme estimado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2021.
Os dados revelam que os Estados Unidos, por exemplo, gastaram cerca de três vezes seu orçamento de carbono, com uma dívida climática equivalente a 123 GtCO2. Em contrapartida, a maioria dos países de renda média ou baixa não utilizaram seus orçamentos de carbono.
O estudo propõe que países com dívidas climáticas invistam em mitigação e, sobretudo, em medidas de adaptação em países e regiões mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. O Fundo Verde para o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Amazônia são apontados como exemplos de mecanismos que podem ser ampliados para operacionalizar esses pagamentos. Em países onde o desmatamento é o principal responsável por emissões, o reflorestamento é também uma forma de pagamento de dívidas climáticas.
Adaptação e mitigação
Países de renda média, o Brasil consumiu 158% do seu orçamento de carbono, e a Indonésia, 88%. “Estes dados indicam a ineficiência do desmatamento como instrumento de produção de riqueza, mas também o potencial para rápidas reduções nas emissões de carbono por meio do combate a essa prática”, explicou Fracalossi.
O estudo destaca, ainda, que a redução da pobreza é, em si, uma medida de adaptação: pessoas e comunidades se tornam mais resilientes às mudanças climáticas.
Além de medidas de mitigação, o trabalho reforça que a crise climática não afeta a todos da mesma forma, sendo essencial reconhecer as responsabilidades históricas e garantir que aqueles que mais contribuíram para o problema também assumam um papel ativo na sua solução.
publicação original:

Quem são os brasileiros que alimentam as IAs
Clique aqui e confira mais detalhes sobre Quem são os brasileiros que alimentam as IAs
Saiba mais
“O único país com condições de negociar com os EUA é a China”, diz economista
Clique aqui e confira mais detalhes sobre “O único país com condições de negociar com os EUA é a China”, diz economista
Saiba mais
Concurso na Economia Política da FPA
Clique aqui e confira mais detalhes sobre Concurso na Economia Política da FPA
Saiba mais
Pesquisas mostram apoio à taxação de ricos e redirecionam debate político
Clique aqui e confira mais detalhes sobre Pesquisas mostram apoio à taxação de ricos e redirecionam debate político
Saiba maisDeixe seu comentário!
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo