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O Mercado de Trabalho Brasileiro em Alta: Causas, Consequências e Novos Desafios

20 de fevereiro de 2025

imagem: ABED

O mercado de trabalho brasileiro apresentou um desempenho notável a partir de meados de 2024, alcançando recordes históricos em diversos indicadores. Houve aumento da população ocupada, crescimento da massa salarial, redução do desemprego e a menor taxa de desocupação já registrada pela série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Dados do IBGE revelam que, no trimestre móvel encerrado em novembro de 2024, a população economicamente ativa (PEA) atingiu 110,7 milhões, enquanto a população ocupada (PO) chegou a 103,9 milhões. Paralelamente, o número de pessoas desocupadas caiu para 6,8 milhões, resultando em uma taxa de desocupação de 6,1%.
Esse desempenho é atribuído, em grande parte, a políticas públicas adotadas desde 2023. Programas como o Novo Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o Minha Casa Minha Vida, além do aumento real do salário mínimo e estímulos concedidos pelo BNDES, foram fundamentais para impulsionar diversos setores produtivos, com destaque para a indústria.
Os impactos positivos refletiram-se em toda a economia, com aumento da renda e do consumo das famílias e crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). No terceiro trimestre de 2024, o PIB relacionado ao consumo das famílias avançou 1,5%. Como resultado, o crescimento econômico superou até mesmo as previsões mais otimistas, aproximando-se de 3,8% ao final do ano.
Apesar desse cenário favorável, a inflação registrou 4,83% em 2024, levemente acima da meta do Banco Central (4,5%). No entanto, a estabilidade inflacionária foi notável, considerando o IPCA de 4,62% em 2023. O principal fator inflacionário foi a alta cambial, que impactou insumos importados, como o petróleo, refletindo no aumento do preço da gasolina (9,71%, para o consumidor afinal, apesar da Petrobras, com sua nova política de preços adotada em 2023, ter mantidos estáveis os preços nas suas refinarias, com principal destaque para o diesel, que se manteve estável durante todo o ano de 2024). A vinculação das commodities agrícolas aos preços internacionais e ao dólar afetaram muitos produtos, como carnes, soja e o café.
A desvalorização do real frente ao dólar trouxe preocupações adicionais, agravadas por incertezas globais, como a política do novo governo dos Estados Unidos, que tomou posse em 2025. Desde o começo, as declarações do presidente estadunidense têm gerado instabilidade, alimentando especulações nos mercados internacionais.
Internamente, o Banco Central enfrenta críticas pela elevação contínua da taxa Selic, prevista para atingir 15% ao ano em 2025. Medidas regulatórias históricas, como a liberalização do mercado cambial e a permissão para investimentos no exterior, limitaram a eficácia de intervenções contra movimentos especulativos. A elevação dos juros, além de aumentar o custo da dívida pública, ameaça frear o crescimento econômico, com sinais já visíveis na estagnação industrial registrada em dezembro de 2024.
Com a indústria estagnada, é provável que o desemprego aumente e a renda diminua, resultando em queda do consumo interno. Isso poderá reverter os ganhos econômicos de 2024 e levar a uma contração do PIB em 2025. Paradoxalmente, enquanto crescimento econômico e redução da pobreza são desprezados pelo mercado financeiro, políticas ultra-ortodoxas, como as implementadas na Argentina pelo governo Milei, são aplaudidas, mesmo à custa de crises sociais profundas.
No Brasil, o cenário pode se agravar com os efeitos da reforma fiscal em 2025 e 2026. Cortes em programas sociais impactariam diretamente a renda das famílias, reduzindo o consumo e alimentando um ciclo recessivo. Tais medidas colocam em xeque o modelo econômico e social que sustenta o Brasil como a oitava maior economia mundial.
O embate entre dois modelos de desenvolvimento — um heterodoxo, com foco na inclusão social, e outro ultra-ortodoxo, que prioriza o equilíbrio fiscal a qualquer custo — se intensifica. Defensores do segundo modelo frequentemente ignoram os impactos sociais e se beneficiam de políticas de benefícios fiscais que somam cerca de R$ 500 bilhões anuais. Além disso, o pagamento de juros da dívida pública, incentivado pela alta da Selic, transferirá estimados R$ 1 trilhão aos aplicadores financeiros em 2025, equivalendo a cerca de 10% do PIB.
Essa concentração de riqueza ameaça o futuro econômico do país. Como destacam autores como Mariana Mazzucato, Joseph Stiglitz e Thomas Piketty, a perpetuação de um modelo econômico que privilegia o mercado financeiro em detrimento do desenvolvimento social aprofunda desigualdades e compromete o crescimento sustentável. A esquerda brasileira precisa agir com urgência para contrapor estratégias de desinformação e preservar conquistas sociais e econômicas. O modelo disruptivo promovido pela direita, com foco exclusivo no mercado financeiro, não deve ser o legado que o Brasil escolhe para suas futuras gerações.
 

Grupo de Análise dos Impactos da Crise

Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – ABED

Equipe Técnica: Ademir Figueiredo, Adhemar Mineiro (Coordenação), Antônio Rosevaldo Ferreira da Silva, Eron José Maranho, Jaderson Goulart Junior, José Moraes Neto e Juarez Varallo Pont.

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