BNDES e Cepal criam Escola de Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares
28 de novembro de 2024
imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil
texto: Agência Gov | Via BNDES
Escola promoverá estudos de grandes temas do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Edital para primeiras inscrições será lançado em março de 2025.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da Organização das Nações Unidas (Cepal/ONU) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) assinaram, na última semana, programa executivo de cooperação para o desenvolvimento das economias brasileira e latino-americanas e do Caribe no Século 21. A assinatura contou com a presença do presidente do Banco, Aloizio Mercadante, do secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, e do diretor da ABC, embaixador Ruy Ferreira.
Como um dos resultados concretos dessa parceria, será lançada a “Escola de Desenvolvimento Maria da Conceição Tavares”, em homenagem à renomada economista. A professora dedicou sua carreira à pesquisa dos temas ligados ao capitalismo tardio e ao subdesenvolvimento socioeconômico no Brasil e nos demais países da América Latina. O lançamento da Escola acontece no âmbito do plano de trabalho firmado entre o BNDES e a Cepal.
O edital com abertura das primeiras inscrições para a Escola deve ser lançado em março de 2025 e o curso contará com aulas presenciais no Rio de Janeiro e em Santiago, no Chile, além de um período virtual.
A Escola vai promover estudos e seminários, abordando grandes temas do desenvolvimento econômico, social e ambiental, com objetivo de elaboração de artigos científicos que comporão uma publicação contendo os principais desafios e oportunidades para a elaboração e execução de políticas públicas nos países latino-americanos no século XXI.
“O lançamento da Escola representa mais um passo na retomada de uma parceria entre BNDES e Cepal, que já tem 70 anos de história. Além disso, recupera o objetivo de compreender em maior profundidade o processo de desenvolvimento da economia brasileira e debater os novos desafios dos tempos atuais, como modelo de desenvolvimento com sustentabilidade socioambiental, neoindustrialização, transição ecológica e transformação digital”, explica Mercadante.
“A superação da terceira armadilha do desenvolvimento, das baixas capacidades institucionais e de governança, é essencial para impulsionar as transformações indispensáveis ao desenvolvimento sustentável. Este acordo CEPAL-BNDES-ABC reforça nosso compromisso em fortalecer as capacidades técnicas, operativas, políticas e prospectivas do Estado, capacitando atores-chave e promovendo soluções efetivas para nossa região”, afirma o secretário executivo da CEPAL.
Para o diretor da ABC, Ruy Ferreira, BNDES e a CEPAL ingressam na tarefa de repensar as economias e as opções de desenvolvimento não apenas do Brasil, mas também da América Latina e do Caribe. “A inserção internacional do Brasil aumentou significativamente nesses 70 anos, com uma presença cada vez mais forte nessa área geográfica. E a questão central permanece a mesma: como avançar no processo de desenvolvimento econômico de forma sustentável, inovadora e com capacidade financeira? No caso do Brasil, essa capacidade financeira e outros elementos necessários estão muito presentes no próprio BNDES, o que torna essa parceria ainda mais relevante.”
Quem foi Maria da Conceição Tavares
Nascida em 1930 em Anadia, no distrito de Aveiro, em Portugal, ela migrou para o Brasil em meio à ditadura salazarista, em 1954, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Naturalizou-se brasileira em 1957 e, em terras brasileiras, desenvolveu uma extensa carreira como economista, sendo influenciada pelo pensamento de Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel.
Maria da Conceição chegou a participar da elaboração do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek e se destacou nos estudos sobre substituição das importações, tendo trabalhado na Cepal.
Publicou centenas de artigos e dezenas de livros, dentre os quais textos clássicos e considerados obrigatórios nos cursos de economia, como o famoso Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil - Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro, obra publicada em 1972. Ganhou o Prêmio Jabuti 1998, na categoria economia.
Maria da Conceição chegou a ser presa por agentes da ditadura, por 48 horas, em 1974. Sempre buscou se posicionar, distanciando-se da neutralidade. Foi uma das principais conselheiras econômicas do PMDB no período pré-redemocratização, sob a liderança de Ulysses Guimarães. Após a morte deste, filiou-se ao PT, partido pelo qual se elegeu deputada federal (1995-1999). Por ocasião de sua morte, em 8 de junho deste ano, aos 94 anos, o presidente Lula observou em nota: "Foi uma economista que nunca esqueceu a política e a defesa de um desenvolvimento econômico com justiça social".
publicação original:
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