Americanos Fazem Uber, Brasileiros Dirigem Uber
24 de setembro de 2024
imagem: paulogala.substack.com
texto: Paulo Gala
( entenda essa diferença em minutos )
Países ricos fazem Uber, Netflix e Amazon. Países pobres dirigem uber, assistem Netflix e compram na Amazon.
Esta observação vai além da superfície: os países ricos não apenas desenvolvem serviços sofisticados, eles são os arquitetos de um ecossistema tecnológico avançado. Mas o que impede os países pobres de fazerem o mesmo?
O gráfico a seguir revela uma correlação fortíssima entre serviços sofisticados e a complexidade da estrutura produtiva de diversos países. Por que essa correlação existe? E o que ela realmente significa?
Pensando nisso, vamos mergulhar no conceito de ECI (Economic Complexity Index), mas antes, considere isto: a diversidade na produção não é suficiente. É um equívoco comum pensar que meramente aumentar a variedade de produtos é a chave para a complexidade. Mas, o que mais é necessário?
Ao falar de produtos como peixes, queijo, sementes, pneus e cacau, percebemos que eles não demandam serviços sofisticados. Por outro lado, itens como equipamentos de raio x, microscópios, helicópteros e avião trazem consigo um universo de serviços complexos e inovadores. Mas o que faz exatamente um serviço ser classificado como 'sofisticado'?
Vamos explorar mais a fundo a distinção entre serviços pessoais e empresariais. Você pode se surpreender com o que realmente constitui um serviço sofisticado. A resposta pode não ser tão óbvia quanto parece.
Ao definir a sofisticação de um serviço, entramos em um terreno que vai além da simples funcionalidade. Serviços empresariais sofisticados frequentemente envolvem uma camada de inovação tecnológica, integração de dados complexos e personalização que atende necessidades específicas de indústrias. Por exemplo, um serviço de análise de dados para empresas de energia não é apenas um serviço de TI, é uma solução especializada que combina expertise em energia, programação avançada e análise preditiva.
Por outro lado, serviços pessoais, embora vitais, geralmente não possuem esse nível de complexidade e personalização. Considere o serviço de um cabeleireiro ou de um restaurante. Embora possam oferecer experiências personalizadas, a complexidade técnica e a necessidade de inovação contínua são consideravelmente menores.
A diferença fundamental entre esses dois tipos de serviços reside na profundidade da especialização e na inovação requerida. Países que conseguem desenvolver e sustentar serviços empresariais sofisticados geralmente têm estruturas produtivas mais complexas, o que, por sua vez, alimenta um ciclo de crescimento econômico e inovação tecnológica.
Repare em mais esse gráfico:
Este é o desafio que os países em desenvolvimento enfrentam: não apenas diversificar, mas elevar o nível de sua capacidade de serviço para entrar nesse ciclo virtuoso de crescimento e inovação.
Paulo Gala
Graduado em Economia pela FEA-USP | Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo | Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY | Autor com +10,000 cópias de livros vendidas | Geriu carteiras de +R$ 3,000,000,000 | Professor na FGV/SP há 20 anos | Economista-chefe do Banco Master.
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